quinta-feira, 8 de março de 2012

Transformação e Fortalecimento: uma ação para a cultura de paz.

Kenia Maynard da Silva
Fisioterapeuta, Mestre em Ciência da Motricidade Humana, professora universitária, professora de Tai Chi Chuan, membro da Sociedade Brasileira de Vitimologia.
Muito se discute hoje a violência que assola o mundo e as suas conseqüências tanto no indivíduo quanto na sociedade. Cientistas sociais chamam a atenção para a banalização da violência, fato que aponta a falência da valorização da vida humana, onde a falta de indignação está se tornando cotidiana. Em contrapartida se vê pequenos focos de movimentos em prol de uma sociedade mais justa e mais humana, a mídia tem dado um mínimo espaço a estes temas, quando mostra que um grupo de pessoas que optaram por viver de forma mais simples, com menos recursos financeiros, porém, mais felizes, criaram o movimento chamado de “simplicidade voluntária”. Mostram também, pequenas “ilhas” de ações, por vezes solitárias de indivíduos que ainda crêm na espécie humana e a despeito dos recursos levantam bandeiras de humanização, firmam propósitos em suas vidas com a intenção de trilhar e indicar um caminho para uma vida melhor para se viver, utilizando seus próprios recursos, que por vezes são escassos, mas imbuídos de tamanha certeza pelo Bem social comum, que conseguem a multiplicação, e atraem outras pessoas com o mesmo propósito, como se estivesse acendendo uma luz nesta imensa escuridão que está se tornando a vivência humana.
Muito se fala em Paz, também, um bem necessário a todos os humanos, se tornando um Bem social que está escasso na vida humana. Hoje se tem diversos estudos sobre a Paz e os meios que podem desenvolver este Bem. A Paz é algo complexo, muito estudada, mas as conclusões dos estudos já realizados são direcionadas para o entendimento da Paz como um “estado de espírito”, sinalizando que a Paz começa no íntimo do ser humano, justamente no seu aspecto humano. Tendo em vista que a valorização da humanidade está comprometida na sociedade, vemos que este Ser está num “beco sem saída”, e como todos os animais ao se verem acuados, se lançam a uma ação tomando as atitudes necessárias para sair da situação em que se encontra. A diferença entre os animais e os seres humanos é o que se convencionou chamar de “consciência intencional”, que lhe permite a escolha, que se conhece como “livre arbítrio”. Outra questão a ser bem estudada, pois esta escolha deve ser baseada em que? Quais são os limites desta escolha? Aonde começa? E termina? Desafiando tudo isto, a Física Quântica, vem dizendo que nós, seres humanos, somos criadores da nossa realidade, a partir da nossa consciência, que a escolha é feita a partir de um misto de emoções e consciências, aos quais os seres humanos estão firmemente interligados, numa rede complexa de vivências.
Alguns estudiosos vêem a situação social de forma mais ampla pautando seus estudos na política sócio – econômica, que está demonstrando a sua ineficiência e mostrando o tipo de alguns seres humanos que estão nesta gestão, que fizeram a escolha de desvalorizar o Bem Social comum, em favor do Bem próprio, e esta escolha foi feita baseada em que? Estes estudiosos detectam a falta de valores humanos positivos nestes gestores, pode-se perguntar neste momento: “E os outros fazem o que? Porque não agem em prol do Bem Social comum?”, novamente vemos aí uma escolha.
Com base nas premissas da Física Quântica, nos diversos estudos sobre violência e paz, nas necessidades atuais de transformação da sociedade que se vive, entendendo que esta sociedade é criação humana, onde se dá a vivência de quem a criou e lembrando a frase de Féderico Mayor, da UNESCO, que disse “...se é na mente dos homens que existe a guerra, é na mente dos homens que devem ser erguidos os baluartes da paz...”, a transformação deve começar no ser humano e ser fortalecida para que as dificuldades do meio, sirvam como plataforma para alcançar esta transformação.
A pergunta que se tem agora é: “Como?”.  Pode-se perguntar aos adeptos da simplicidade voluntária, e as pessoas que acreditam que as ações realizadas com humanização surtem efeitos benéficos a sociedade, e o ponto complexo em comum a estes grupos, assim como a outros, que pode reverberar por toda a sociedade está pautado em valores. Este nó da complexidade gera uma rede interligada que, se incentivada, opera mudanças individuais culminando fatalmente em transformações sociais. E quais os meios para a sua execução? Vários estudiosos se encarregaram de descobrir estes meios. Os temas mais abordados são a Educação e o Esporte, que estão interligados em sua essência, outros meios também divulgados por meio científico são as práticas orientais de Meditação, as práticas orientais corporais, como a Yoga, o Tai Chi Chuan, Tai Ken Dô, e outras artes marciais. Porém, todos os meios têm em comum a iniciação de um novo despertar de consciência que passa pelo corpo, no âmbito interior, precisa ser fortalecido em valores universais, se torna base das atitudes, incluídas nas ações e se expressa no exterior, em sua vivência, estabelecendo o tipo de vida que o indivíduo escolheu, dando suporte as  necessárias ações emergenciais e a partir desta nova “consciência intencional” transformar a sua própria criação, a sociedade em que vive, e estabelecer “os baluartes da Paz” como um Bem Social comum

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