Fisioterapeuta, Mestre em Ciência da Motricidade Humana, professora universitária, professora de Tai Chi Chuan, membro da Sociedade Brasileira de Vitimologia.
Muito se discute hoje a violência que assola o mundo e as suas conseqüências tanto no indivíduo quanto na sociedade. Cientistas sociais chamam a atenção para a banalização da violência, fato que aponta a falência da valorização da vida humana, onde a falta de indignação está se tornando cotidiana. Em contrapartida se vê pequenos focos de movimentos em prol de uma sociedade mais justa e mais humana, a mídia tem dado um mínimo espaço a estes temas, quando mostra que um grupo de pessoas que optaram por viver de forma mais simples, com menos recursos financeiros, porém, mais felizes, criaram o movimento chamado de “simplicidade voluntária”. Mostram também, pequenas “ilhas” de ações, por vezes solitárias de indivíduos que ainda crêm na espécie humana e a despeito dos recursos levantam bandeiras de humanização, firmam propósitos em suas vidas com a intenção de trilhar e indicar um caminho para uma vida melhor para se viver, utilizando seus próprios recursos, que por vezes são escassos, mas imbuídos de tamanha certeza pelo Bem social comum, que conseguem a multiplicação, e atraem outras pessoas com o mesmo propósito, como se estivesse acendendo uma luz nesta imensa escuridão que está se tornando a vivência humana.
Muito se fala em Paz, também, um bem necessário a todos os humanos, se tornando um Bem social que está escasso na vida humana. Hoje se tem diversos estudos sobre a Paz e os meios que podem desenvolver este Bem. A Paz é algo complexo, muito estudada, mas as conclusões dos estudos já realizados são direcionadas para o entendimento da Paz como um “estado de espírito”, sinalizando que a Paz começa no íntimo do ser humano, justamente no seu aspecto humano. Tendo em vista que a valorização da humanidade está comprometida na sociedade, vemos que este Ser está num “beco sem saída”, e como todos os animais ao se verem acuados, se lançam a uma ação tomando as atitudes necessárias para sair da situação em que se encontra. A diferença entre os animais e os seres humanos é o que se convencionou chamar de “consciência intencional”, que lhe permite a escolha, que se conhece como “livre arbítrio”. Outra questão a ser bem estudada, pois esta escolha deve ser baseada em que? Quais são os limites desta escolha? Aonde começa? E termina? Desafiando tudo isto, a Física Quântica, vem dizendo que nós, seres humanos, somos criadores da nossa realidade, a partir da nossa consciência, que a escolha é feita a partir de um misto de emoções e consciências, aos quais os seres humanos estão firmemente interligados, numa rede complexa de vivências.
Alguns estudiosos vêem a situação social de forma mais ampla pautando seus estudos na política sócio – econômica, que está demonstrando a sua ineficiência e mostrando o tipo de alguns seres humanos que estão nesta gestão, que fizeram a escolha de desvalorizar o Bem Social comum, em favor do Bem próprio, e esta escolha foi feita baseada em que? Estes estudiosos detectam a falta de valores humanos positivos nestes gestores, pode-se perguntar neste momento: “E os outros fazem o que? Porque não agem em prol do Bem Social comum?”, novamente vemos aí uma escolha.
Com base nas premissas da Física Quântica, nos diversos estudos sobre violência e paz, nas necessidades atuais de transformação da sociedade que se vive, entendendo que esta sociedade é criação humana, onde se dá a vivência de quem a criou e lembrando a frase de Féderico Mayor, da UNESCO, que disse “...se é na mente dos homens que existe a guerra, é na mente dos homens que devem ser erguidos os baluartes da paz...”, a transformação deve começar no ser humano e ser fortalecida para que as dificuldades do meio, sirvam como plataforma para alcançar esta transformação.
A pergunta que se tem agora é: “Como?”. Pode-se perguntar aos adeptos da simplicidade voluntária, e as pessoas que acreditam que as ações realizadas com humanização surtem efeitos benéficos a sociedade, e o ponto complexo em comum a estes grupos, assim como a outros, que pode reverberar por toda a sociedade está pautado em valores. Este nó da complexidade gera uma rede interligada que, se incentivada, opera mudanças individuais culminando fatalmente em transformações sociais. E quais os meios para a sua execução? Vários estudiosos se encarregaram de descobrir estes meios. Os temas mais abordados são a Educação e o Esporte, que estão interligados em sua essência, outros meios também divulgados por meio científico são as práticas orientais de Meditação, as práticas orientais corporais, como a Yoga, o Tai Chi Chuan, Tai Ken Dô, e outras artes marciais. Porém, todos os meios têm em comum a iniciação de um novo despertar de consciência que passa pelo corpo, no âmbito interior, precisa ser fortalecido em valores universais, se torna base das atitudes, incluídas nas ações e se expressa no exterior, em sua vivência, estabelecendo o tipo de vida que o indivíduo escolheu, dando suporte as necessárias ações emergenciais e a partir desta nova “consciência intencional” transformar a sua própria criação, a sociedade em que vive, e estabelecer “os baluartes da Paz” como um Bem Social comum
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